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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sequestro de menina em Conquista faz parte de esquema de tráfico para adoção, diz delegado

Correio da Bahia
O delegado Odilson Pereira, da 10ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Coorpin), informou nesta segunda-feira (5) que as investigações para localizar a menina Laila Dias Santos, de 9 meses, acabaram levando a polícia a descobrir um sistema de tráfico de crianças para adoção.
“Investigando o sequestro a gente descobriu esse outro caso, também de uma menina, que aconteceu recentemente. É um caso de adoção irregular, na maioria das vezes eles não sequestram, eles compram”, contou o delegado ao Correio24horas.
O delegado prefere não divulgar o nome ou idade da criança, que foi doada pela família recentemente para um grupo que trafica bebês e já foi localizada na cidade de São Paulo. “Às vezes a família não tem condição, a família mesmo entrega. São os casos de extrema pobreza”, diz. “Estamos muito perto de recuperar a criança, já falamos com a polícia de São Paulo”, adianta.

A investigação para encontrar a criança está avançada. Uma versão anterior dessa nota informava erroneamente que a polícia já estava prestes a encontrar a menina Laila, o que foi corrigido. O caso de Laila, que foi sequestrada de dentro de casa no último dia 29 no distrito de Matinha, Vitória da Conquista, permanece um mistério para a polícia.
“Esse caso ainda não temos nada, infelizmente. Pode ser que também faça parte de um esquema de tráfico, mas não podemos afirmar isso. Estamos investigando”, diz Pereira. Segundo ele, nas apurações sobre o caso da bebê Laila a polícia chegou a uma parteira que acabou indicando o sumiço da outra criança.
À rádio Clube de Conquista, o delegado falou mais sobre o tráfico de crianças. “Nós já descobrimos que tem outros bebês na mesma circunstância, apenas não foram sequestrados, mas os próprios pais entregaram os bebês. E esses bebês possivelmente vão para São Paulo ou para o exterior”, conta.
Questionado sobre se a rede de tráfico é similar à denunciada em Monte Santo, o delegado concordou. “É semelhante, na verdade no Brasil a gente tem infelizmente essa modalidade que é tráfico de seres humanos, alguns para retiradas de órgãos, outros para adoção. (Eles) se aproveitam nas regiões mais carentes, onde as famílias muitas vezes passam por necessidades e privações e às vezes entregam seus filhos mediante paga a essas quadrilhas”, explica.
Segundo o delegado, as quadrilhas que agem no tráfico de crianças são refinadas. “Elas têm um esquema muito organizado, elas têm desde os agenciadores, as pessoas que vão captar as crianças, até a sua liderança, onde se cobra enormes cifras por cada bebê sequestrado”.
Troca de bebês
O delegado Sulivan Macedo de Carvalho, da 1ª Delegacia de Vitória da Conquista, havia dito que a polícia não tinha pistas sobre o caso e encontrava dificuldade em avançar com o caso. “Não há indícios de onde possa ser localizada essa menor. Não temos a placa de veículo, testemunhas”, declarou, também à rádio.
O delegado, no entanto, falou sobre uma possibilidade de que Laila tenha sido trocada na maternidade logo depois do nascimento. “Ela chegou com uma pulseira com nome de uma mãe diferente, mas no mesmo dia do sumiço os policiais deslocaram até o hospital (…) Nos deslocamos para uma zona rural de Anagé, uma fazenda, onde foi localizada a criança que nasceu no mesmo dia que a Laila, mas as características físicas são totalmente diversas”, explicou. “Se ela tivesse sido subtraída e levada para lá, nos encontraríamos”, garantiu, descartando a troca.
Laila Dias Santos estava com o irmão de oito anos quando foi sequestrada. Segundo Elisabete Dias, mãe das crianças, ela saiu para ir pegar água e quando voltou a filha não estava mais em casa. Esse foi o tempo necessário para que os homens roubassem o bebê.
Testemunhas contaram que o grupo chegou em um carro vermelho e que outro homem ficou em uma moto amarela fazendo cobertura. Um deles entrou na casa e pegou a menina.

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